terça-feira, fevereiro 27, 2007

obsessão de um poeta

passaram.se anos, mais propriamente uma década e dois anus,
desde que pela primeira vez te amei,
num emaranhado de fios eléctricos e cordelinhos de cuspo.
cuspo selvagem, libertino e sujo,
como os socalcos virgens de uma puta.
no decorrer deste périplo
tu, engalanada como uma galinha de patas em forma de ampulheta,
e eu, teu pulha galinha sem patas comuns de mortal,
estabelecemos uma relação confusa.
tão confusa que o fuso horário que se digna de cor vermelha a nos separar,
tal qual uma bola disforme construída por alicates esporráticos numa madrugada de sangue,
compromete a sua própria jurisdição nasal,
sangrando torrentemente sorrisos de fetos com nove meses.
estabelecemo.nos como família,
uma família sem um negócio definido mas com unhas a cresceram pelas paredes de casa,
uma casa subalugada a meias com as ratazanas dos vizinhos.
as nossas crianças brincaram com as ratazanas.
eu brinquei com as ratazanas.
mas tu, insolente e distante, omnipresente e cantante,
limitaste.te a ignorar esta família de roedores com uns bigodes parecidos aos meus.
foste ingrata,
ingrata tal qual uma puta barata.
mas pronto, fui.te aturando a ti e aos teus filhos e aos teus rins descaídos,
tu, vá lá, por entre os dentes podres, deixavas.me acariciar.te nas costelas
e torturavas.me com os pinguinhos de chuva que seguravas na tua mão assim que te deitavas.
defequei.te para a boca, alimentei.te.
soluçavas sem esforço, esfomeada de prazer.
partíamos a loiça com a ajuda da tua mãe
que, em cadeira de rodas, rodopiava o pescoço enquanto me arrancava as pálpebras.
éramos tão felizes meu amor...
.
les étoiles sont des garçons,
tous les garçons SÃO DEMENTES FODASSE
.
porém agora tudo acabou,
tornaste a abortar uma cria que eu não queria,
fugindo num espadachim telecomandado.
não voltes, peço.te,
vou mudar o colchão para perto da sanita
e vomitar à vontade para cima das tuas fotografias a preto e branco e verde e amarelo,
cores que são mais ordinárias que primárias.
presumo que te continues a divertir com a literatura electrónica que tanto defendias,
eu cá, por aqui e por acolá, às vezes completamente envolto no mijo das ratazanas,
sento.me ao sol e lanço a cana de pesca do teu falecido pai até ao lago do jardim infantil à frente da nossa porta.
confesso que tenho colocado muito sal no peixe que pesco,
no entanto continuam a coexistir assassinos em série com passadores de droga nos estabelecimentos prisionais portugueses,
que jantam todos na mesma cantina.
.
dentinhos fora das persianas
aleijados a comer bananas
.
haja sonasol para lavar toda a loiça que lambi até hoje!!
não precisas de voltar nem sequer tocar acordeão à minha passagem,
ver.te.ei morrer com um foco de luz apontado à tua bílis.
dás.me a tua mão para saltitar no escuro da vida?
passo.te um recibo em nome do homem que originou a toponímia da nossa rua.
autógrafo, amén!

2 comentários:

André Oliveira disse...

Ta bom, rapaz. Parece que é mesmo isto q a Mariana quer... Penso que para o próximo, se o fizeres, deves fazer uma cena ainda menos narrativa e mais maníaco-incoerente. Tenta fazer uma cena 100 por cento sensitiva sem te preocupares com um sentido ou uma história... e n te afastes da poesia, vamos ver o q da. Acho q é mesmo isso q ela procura agora.
Mas parabéns rapaz!

Anónimo disse...

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